21 outubro 2006

A INOCÊNCIA DE O.J. SIMPSON

Sendo humana, não se pode exigir que a justiça, nomeadamente a decisão de quem julga seja imune aos erros. O caso em que, possivelmente, terá havido um desses incidentes foi o tremendamente mediatizado julgamento do ex-jogador e actor de cinema norte-americano O.J. Simpson que dele saiu inocentado da acusação de assassínio da sua ex-mulher e do seu (dela) namorado.

Até hoje, as investigações não conduziram a mais ninguém que pudesse vir a ser julgado pela autoria daquele mesmo crime. E, para o senso comum de qualquer leigo, este vazio de responsabilidade num crime é algo sempre difícil de compreender e, muitas vezes, não haverá quaisquer explicações técnico-jurídicas adicionais por muito razoáveis que sejam que o possam preencher.

Veremos se haverá explicações técnico-jurídicas e havendo, quais serão, para o resultado do julgamento de 6 técnicos da antiga JAE que recentemente terminou com a absolvição dos mesmos das acusações de negligência na condução dos vários processos de vistoria da ponte de Entre-os-Rios que acabou por cair em Março de 2001, causando 59 mortos.

Contando com a evidência que um processo destes não tem a linearidade de um crime como o que teria sido perpetrado por O.J. Simpson e ultrapassando o folclore tradicional sobre o peixe miúdo que é julgado e o graúdo que não com que normalmente se tenta ensarilhá-los, vale a pena questionar se poderá haver alguém em Portugal a quem seja atribuível a responsabilidade do colapso de uma via de circulação aberta ao tráfego.

Admitindo que não se possa assumir que, entre nós, as pontes possam colapsar com naturalidade e que deva haver um organismo com a missão de evitar precisamente que isso aconteça, supõe-se que a identificação dos intervenientes e respectivas responsabilidades deva ser bastante mais fácil do que descobrirem por todos os Estados Unidos quem terá sido o assassínio da ex-mulher de O.J. Simpson, dado que não foi O.J. Simpson…

4 comentários:

  1. Por esta (e por outras!) é que tenho uma confiança absoluta na responsabilização dos indivíduos...

    Quando os filtros de partículas das incineradoras não funcionarem, por não terem manutenção adequada ou, se for o caso, entregarem uma indesejável central nuclear a “responsáveis” não imputáveis, teremos, em caso de acidente, a Justiça a funcionar em pleno!

    Valha-nos isso!!!

    ResponderEliminar
  2. Não haja dúvidas que esta irresponsabilização congénita é um factor a ter em consideração na instalação da energia nuclear em Portugal.

    ResponderEliminar
  3. O menino que morreu electrocutado no Campo Grande, ao carregar no botão do semáforo,levou a amorável Câmara de Lisbos (João Soares) a repetidos recursos, tentando alijar toda e qualquer responsabilidade.
    Por fim, lá foi obrigada, muito contrariada, a pagar uma indemnização.Aa culpa foi atirada para cima de um obscuro funcionário.

    Quem esqueceu o caso Aquaparque?

    Quem acredita que o caso Casa Pia dê lugar a alguma condenação, além do Bibi?

    E quem sonha com culpados no Apito Dourado? Não vai haver, tudo arquivado que é um gosto.

    Responsabilidade? Se fosse coisa possível, concretizável e exigível, os franceses da Revolução tê-la-iam colocado a seguir à liberdade e antes das outras duas...

    ResponderEliminar
  4. Pois é, mas nestes casos os opacientes não são ingleses, são bem lusitanos.
    Quanto a Simpson, mais tarde veio a ser considerdo culpado mas jé era um "julgamento civil" e assim só teve de pagar uma indemnização.

    ResponderEliminar