07 outubro 2006

COMO UMA COLONOSCOPIA…

Será para mim um grande desapontamento se o Pedro Correia que escreveu este artigo no Diário de Notícias de hoje for o mesmo a que me habituei a ler os postes no Corta-Fitas. Eu até percebo que quem trabalhe num jornal que sempre foi, tradicionalmente, o porta-voz dos pontos de vista governamentais tenha de fazer um frete uma vez por outra.

Agora não haja dúvida que há que fazê-lo com um certo estilo e dignidade, que sempre foi a imagem de marca do Diário de Notícias, circunscrevam-se apenas os exemplos ao actual director, António José Teixeira. Ora o artigo em referência parece ser demasiado subserviente para com José Sócrates e o seu governo para que mantenha aquele estilo e dignidade.

Em suma, simula-se um acesso privilegiado – alguém ainda pretenderá que esse acesso não é perfeitamente controlado? - aos colaboradores mais próximos do primeiro-ministro para veicular a mensagem que José Sócrates não “irá perder o autocarro” da luta contra a corrupção e que terá apreciado particularmente o último discurso presidencial sobre o tema.

E as "buzzwords" lá estão – acho que na imprensa política se lhes dá o título de “soundbites” – ao considerar que o presidente abriu espaço político ao governo com as suas declarações. Se isto fosse uma jogada de futebol, e eu o relator do jogo em que ela se estava a desenrolar, classificá-la-ia como muito denunciada, muito falha de imaginação!…

Agora a propósito da abertura de espaços, e de um eventual conselho ao Pedro Correia e ao seu texto, seja ele quem for, deixem-me citar um amigo meu que considera que, nestas circunstâncias em que é preciso fazer destes fretes, o que é fundamental é que preservemos a nossa dignidade e a nossa reputação. É como fazer uma colonoscopia, diz ele: se há que a fazer, que remédio!... Agora não fique para aí a constar que a gente gosta…

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