28 setembro 2006

CAPITÃES DE FROTA

Se fosse notícia nem chegaria a ser notícia, apenas um pormenor de somenos, não se desse a circunstância de o pormenor ter surgido numa notícia de jornalismo de investigação, justamente aquele onde se exige que o rigor seja indispensável e não acrescesse a isso o facto da tal peça de jornalismo de investigação ter sido publicada num jornal de referência como se reclama o Público.

A notícia vem na página 13, é assinada por Tânia Laranjo e diz respeito à suspeita de corrupção nos concursos para aquisição de armamento na Armada, envolvendo dois empresários civis e três militares. Onde a porca torce o rabo é na identificação dos militares, de que apenas são referenciadas as suas patentes, sendo um deles sargento e os outros dois com uma patente nova na Armada portuguesa: capitão de frota!

Aliás, seriam patentes bastante voláteis, do género das que se perdem automaticamente após uma detenção, leia-se atentamente a redacção da notícia: Dois eram capitães de frota e um terceiro tinha a patente de sargento. Falho de outras informações temos assim os prováveis dois capitães-de-fragata e o sargento detidos e ainda por cima reduzidos à condição de marujos…

Falho de outra sugestão melhor, sugeriria à Dra. Tânia Laranjo que acompanhasse uma série chamada JAG, que passa no canal AXN da TV Cabo, onde poderá constatar que os marinheiros, mesmo detidos, mantêm as patentes de origem e que, com um simples contacto com alguém que esteja familiarizado com as patentes militares (que tenha feito o serviço militar, sei lá eu!...), em vez da improvisação, a informaria que na Armada portuguesa não existia a patente de capitão-de-frota e que o fr era abreviatura de fragata...

É que assim, criam-se condições para que haja especulações (maldosas, certamente!) sobre o rigor que a Dra. Laranjo poderá pôr nas suas investigações jornalísticas e, a atender no parco resultado que está à vista na referida notícia, as conclusões que se podem extrair não lhe são benéficas…. Uma palavra final para quem esteja encarregado das revisões finais no jornal que também estarão dispensados de quaisquer felicitações…

4 comentários:

  1. Escrever sobre assuntos que se desconhecem é uma tarefa tão ingrata...
    E, quando os erros são de palmatória, é lamentável que a dita tenha sido abolida!!!

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  2. Porque o Público tem o estatuto de "non grato" desde que bloqueou o livre acesso em rede às suas notícias e também porque tem um director que se tem vindo a revelar progressivamente cada vez mais "cagão", achei por bem enviar-lhe este post, devidamente assinado e identificado, para o endereço das cartas ao director.

    Aceitam-se apostas quanto ao tratamento que lhe irá ser dado...

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  3. E já imagino o final, com o Juíz a declamar: "Ite, mísseis est!".

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  4. Um dos motivos pelo qual o Público tem, aos poucos, vindo a perder qualidade (não a suficiente para que deixe de o ler todos os dias... ainda...), é a deficiente revisão dos artigos - já lá encontrei gralhas e erros de gramática que não se perdoam nem no 24 Horas.
    Quanto ao estatuto "non grato" do Público, hás-de ter reparado na quantidade de citações que faço do jornal no Altermundo - é propositado, já que como assinante tenho acesso livre "subverto" o princípio do acesso pago ;)

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