05 agosto 2006

AS MARIONETAS DA AMÉRICA

Numa excelente série de TV sobre as guerras do Vietname (A Guerra dos Dez Mil Dias), passada já há vinte anos na RTP, um dos depoimentos mais impressionantes era o de Nguyen Cao Ky, antigo primeiro-ministro (1965-67) e vice-presidente do Vietname do Sul (1967-71), que considerava que o que se tornou mais humilhante para si não era ver o seu governo a ser tratado por marioneta da América pelos seus opositores do Vietname do Norte e do Vietcong* à mesa das negociações; o pior era o tratamento como marioneta da América que os próprios norte-americanos praticavam.

São muitas as analogias nas dificuldades que os norte-americanos experimentam no Iraque com as vividas no Vietname do Sul, há quarenta anos atrás. Mas, se entre os americanos existem diversos indícios que parece não ter havido qualquer aprendizagem substantiva com os erros passados, quer na forma como se deve fazer a contra-subversão, quer na forma como se apoiam os governos que se pretende suportar, isso parece não estar a acontecer com os líderes do regime por eles apoiados.

O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, ao demarcar-se recentemente dos Estados Unidos e ao proferir declarações de apoio ao Líbano, parece mostrar não ter intenções de, daqui por dez anos e já exilado nos Estados Unidos, aparecer a produzir depoimentos para séries de TV, lamentando-se pelo facto dos Estados Unidos serem canhestros politicamente com os seus aliados…

* Designação corrente do movimento político (completamente enfeudado às posições do Vietname do Norte) que lutava na altura pela libertação do Vietname do Sul. Depois da guerra (em 1975), quando o Vietname do Sul foi anexado, desapareceu...

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