17 abril 2006

A ICONOGRAFIA DOS NOVOS TEMPOS

Todas as épocas precisaram dos seus ícones, dos seus mártires, gente normal que a morte catapulta para lugares de um destaque que a sobriedade depois percebe ser apenas fruto das circunstâncias.

Depois das consecutivas cerimónias dos Dezes de Junho da praça do império, das inúmeras cruzes de guerra a título póstumo, os dois rapazes deste cartaz representam do que mais aproximado disso se produziu, mas no quadrante contrário, depois do 25 de Abril de 74.

Aos martirologistas do PCP, com a sua Catarina Eufémia, o seu Dias Coelho, mais os episódios dos mortos do Tarrafal, só havia o MRPP para conseguir dar uma resposta satisfatória, com as figuras de Ribeiro Santos e de Alexandrino de Sousa, em que cada um deles foi vítima da violência de cada um dos extremos do espectro partidário.

Todos são episódios em que há que lamentar a perda de uma vida, normalmente jovem. E é também de lamentar o intenso aproveitamento político do ocorrido por parte dos organismos a que pertenciam os que morreram. No entanto, mau grado a distância temporal, as condições em que faleceram confere-lhes, a todos eles, algo de nobreza dos seus propósitos.

Levanta-se uma inquietação pela forma como estará a evoluir a nossa sociedade quando, em comparação e a par deles, alguns média populares querem fazer mártires modernos de episódios como aquele onde faleceu o futebolista Miklós Féher ou o actor Francisco Adam.

2 comentários:

  1. Concordo totalmente!

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  2. Tudo o que vende ou aumente audiências merece destaque!
    Tudo o resto... é NADA!

    Poucos aceitam outra lógica... e ainda menos são aqueles que a rejeitam.

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