12 fevereiro 2006

QUE BOM QUE TENHA HAVIDO O TAL MILHÃO DE VOTOS

Se o tal de milhão de votos das presidenciais puder transmitir a Manuel Alegre um maior à vontade para poder intervir no Parlamento de acordo com as suas opiniões e não em sintonia com a ortodoxia do partido e se o mesmo milhão de votos servir de catalisador para a comunicação social concentrar as suas atenções nas intervenções do deputado, então abençoado (uma bênção republicana e laica, bem entendido) seja o tal milhão de votos.

A existência de uma voz discordante dentro da maioria governamental que, acessoriamente, até parece servir de porta-voz a uma fracção significativa do eleitorado que o elegeu (ao governo), torna-se tão refrescante, que até poderá servir para a melhoria do funcionamento e da imagem das instituições, neste caso dos deputados da Assembleia.

É que essas são preocupações recorrentes, que, normalmente, tem a duração aproximada da do programa televisivo onde o assunto é debatido. Onde se dizem umas coisa para ficar tudo na mesma. Se assim não fosse, era impossível o destaque conferido a figuras descartáveis (tipo Gillette) do gabarito de Vitalino Canas.

Vitalino, que deve estar em comissão de serviço para dizer as coisas inacreditáveis de que o encarregam, quando chegar ao fim da mesma vai deixar de estar potável (como aconteceu a outros antes dele – Jorge Lacão e Guilherme Silva são dois exemplos) e será provavelmente recompensado pela militância.

Não se censure de antemão Vitalino. Ele até pode merecer a recompensa. Alegre até pode fazer-nos o obséquio de tornar algumas sessões parlamentares deveras interessantes. É o que eu desejo.